terça-feira, 6 de novembro de 2007

texto sobre casaroes de d.joao 6° em ruinas no rio

Casarões da Corte Real, Dom João 6ª, estão em ruínas no Rio.
Publicado na Folha de São Paulo, 07 de outubro de 2007.Uma parte da historia da vinda da corte real portuguesa para o Brasil que completa 200 anos em 2008, esta desabando pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro. Apenas 8 dos cerca de 150 imóveis que serviram de moradia para membros da corte registrados no Arquivo Nacional permanecem em pé. Destes, só dois contam com verbas publicas e os outros estão com a estrutura comprometida pela falta de preservação, segundo o Crea-RJ (Conselho Regional de engenharia, Arquitetura e Agronomia).Com a ajuda de historiadores, arquitetos e pesquisadores, a Folha localizou oito imóveis, sete no Rio, que há 200 anos, foram o endereço de nobres portugueses que vieram nas primeiras embarcações da corte de Portugal. As casas, segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), são “testemunhas” da época. Com exceção do Paço Imperial e da Quinta da Boa Vista, que abrigaram a família real e viraram museus, nenhum dos imóveis tem incentivo dos governos municipal, estadual ou federal para preservação. Na lista, há o palacete de um dos ministros de D. João 6º, um casarão de um nobre da corte e casas que serviam de comercio e moradia para comerciantes portugueses.
As 150 casas que receberam os portugueses, contabilizadas nos registros de 1808 do Arquivo Nacional, estavam entre as mais nobres da cidade na época. Elas foram desapropriadas por determinação de D.João 6º para abrigar os nobres que chegaram junto com a família real. O registro de entrada de estrangeiros no Rio de 1808 contabiliza que 444 pessoas desembarcaram na cidade naquele ano. Mas historiadores já chegaram a apontar entre 5.000 e 15 mil os números de acompanhantes da família real.“Restou pouco da arquitetura daquela época. Acho isso um absurdo. Há casos clássicos, como o de Paris, em que o centro se desenvolveu, mas a parte histórica foi mantida”, diz o historiador Milton Teixeira. Essa preservação, segundo a lei, deveria estar sendo feita pela Prefeitura do Rio e pelo governo federal, por meio do Iphan. O artigo 350 da Lei Orgânica do Rio de Janeiro diz que “integram o patrimônio cultural do município os bens moveis, imóveis, públicos ou privados”, de natureza ou valor histórico, arquitetônico [...] no território municipal, cuja conservação e proteção sejam do interesse publico”.A proteção dos imóveis históricos também é prevista em âmbito federal. A Constituição prevê, no artigo 23, que os governos municipal, estadual e federal devem “impedir a evasão, a destruição e a descaracterização [...] de outros bens de valo histórico [...]. o superintendente do Iphan n Rio, Carlos Fernando Andrade, diz que falta, também, incentivo da iniciativa privada para investir nos imóveis, já que muitos deles são privados. Ele afirma que, de R$ 145 milhões em projetos de patrimônio histórico no Rio em parceria com empresários que ele conseguiu para um período de dois anos, o Iphan só conseguiu captar R$ 30 milhões, mesmo com uma renuncia fiscal de ate 4% dos impostos do governo federal para projetos.Em 2008, o Rio terá uma serie de eventos para celebrar os 200 anos da chegada da família real ao Brasil. O inicio oficial será em março com a reabertura da Igreja da Antiga Sé. Antes, em fevereiro, será lançado a reedição do poema “La Henriade”, de Voltaire, de 1812. “““ “““ Em abril, será a vez do “Dicionário do Brasil Joanino”, como 120 verbetes escritos por especialistas sobre a época, e, em setembro, da edição ampliada da” Bibliografia da Impressão Régia”.Há ainda musical, exposição, filmes sobre D.João 6º e uma peça na Praça 15. A mudança da família real e da corte portuguesa para o Brasil foi devido à política expansionista do imperador francês Napoleão Bonaparte. O principal inimigo era a Inglaterra. Em 1806, o imperador francês decretou o Bloqueio Continental, obrigando todas as nações da Europa continental a fecharem seus portos ao comercio inglês. Pretendia enfraquecer a Inglaterra, isolando-a de seus mercados consumidores e de suas fontes de abastecimento. O príncipe regente D. João governava Portugal porque sua mãe, a rainha Dona Maria 1ª, sofria das “faculdades mentais”. Ele era pressionado por Napoleão a fechar os portos portugueses ao comercio inglês, mas os pais dependiam economicamente da Inglaterra.Um dos autores do livro “Arquitetura no Brasil, de Cabral a D. João VI”, lançado no dia 18 de setembro, Veríssimo afirma que a Revolução Industrial e as renovações de estilo da década de 1920 reconfiguram as construções do Centro do Rio. Antes dessas intervenções, as casas, segundo ele, não erguiam um estilo especifico, mas eram normalmente em madeira com cores vibrantes, como amarelo e azul Del rey, nas esquadrias.A casa principal da família real, o casarão, na Praça 15, hoje funciona como museu e centro cultural e tem a sua fachada original mantida. Apesar de ter verbas federais e ser tombado, a Quinta da Boa Vista, foi à segunda casa da familia real no Brasil e onde hoje funciona o Museu nacional, ainda pena com a falta de conservação de sua estrutura, diz o historiador Milton Cunha. “A Quinta da Boa Vista, esta em petição de miséria, caindo aos pedaços. A obra que o Iphan fez há pouco tempo lá foi fachada”, afirma Cunha

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